A genialidade de Neil Gaiman durante os sete anos em que Sandman foi publicado pela Vertigo como série regular, combinada com a estrutura de antologia presente em seus volumes, transformou a HQ em um verdadeiro caldeirão de ideias e personagens diversos. Agora, dois desses personagens são os protagonistas de sua própria série derivada na Netflix, intitulada Garotos Detetives Mortos – uma lufada de ar fresco em meio à avalanche de adaptações de games, remakes de sagas e versões live-action de animes.
É inevitável sentir uma certa sensação de déjà vu quando parece que todas as histórias já foram contadas. A própria premissa da série derivada traz à mente os detetives espirituais recentemente vistos no live-action de YuYu Hakusho. Acompanhamos Edwin Payne (interpretado por George Rexstrew) e Charles Rowland (interpretado por Jayden Revri), dois jovens que optaram por não enfrentar os mistérios da vida após a morte e se tornaram fugitivos da Morte, interpretada por Kirby Howell-Baptiste, reprisando seu papel da série original. Edwin e Charles, agora conhecidos como os ‘Garotos Detetives Mortos’, decidem investigar crimes sobrenaturais.
Apesar de serem fantasmas amigáveis e vagarem pela Terra, eles não estão imunes a traumas. Edwin, falecido em 1916, é formal e reservado, enquanto Charles, que morreu na década de 1980, é travesso e indomável. Ambos enfrentam desafios únicos enquanto exploram esse lado macabro do mundo, uma mistura de literatura de internato e histórias de detetives adolescentes.
A série apresenta uma trama complexa, repleta de referências e camadas de tradição e repetição. Edwin e Charles se juntam a uma equipe improvável, incluindo a clarividente Crystal (interpretada por Kassius Nelson) e sua amiga Niko (interpretada por Yuyu Kitamura), enquanto enfrentam diversos casos sobrenaturais.
Apesar de não trazer nada inovador, Garotos Detetives Mortos é excepcionalmente bem executado, com uma escrita inteligente que combina perturbação, drama e comédia. Embora algumas reviravoltas possam ser previsíveis, o investimento na construção do mundo e dos personagens torna a série cativante. Agora, o desafio é conquistar seu público-alvo na Netflix e evitar o cancelamento, oferecendo aos espectadores uma experiência única dentro do universo de Sandman.”
